O rapper Oruam abriu o coração em uma entrevista exclusiva ao jornalista Roberto Cabrini no Domingo Espetacular (Record) deste domingo. Durante a conversa, ele falou sobre sua trajetória na música, a relação com seu pai — o traficante Marcinho VP — e sua visão sobre a realidade das favelas brasileiras.
Primeira entrevista na TV
Pela primeira vez na televisão, Oruam recebeu a equipe do programa em sua mansão no Rio de Janeiro e também percorreu o Morro do Alemão, comunidade onde cresceu. O artista relembrou sua infância na favela e destacou a importância da música em sua transformação pessoal e profissional.
Ao falar sobre seu pai, que cumpre pena por tráfico de drogas, Oruam foi enfático ao contestar a imagem construída em torno dele. “Dizem que ele é o líder [do tráfico], mas, na verdade, ele nem é. Ele foi preso com 19, 20 anos. Não tem como, com essa idade, ser esse monstro que falam”, afirmou o rapper.
Apesar das acusações contra Marcinho VP, Oruam destacou a figura paterna como um exemplo positivo. “Meu pai me ensinou o caminho certo. Sempre me incentivou a trabalhar, a estudar e seguir o caminho certo na vida. Ele fez de tudo para nos afastar da criminalidade e nos tirar do morro”, disse.
“Se eu pudesse escolher qualquer pai, escolheria o meu. Ele é meu tudo.”
Sucesso na música e críticas à sociedade
Com hits como 22 Meu Vulgo e Lei Anti O.R.U.A.M., Oruam se tornou um fenômeno do rap nacional. Suas letras denunciam a desigualdade social e a violência nas favelas, temas que ele considera fundamentais para dar voz à periferia.
O rapper enfatizou que tudo o que conquistou foi fruto de seu trabalho. “Eu não tinha nada antes. Tudo que tenho hoje veio da minha música, do meu esforço”, afirmou.
Polêmica com a “Lei Anti-Oruam”
Um dos temas mais polêmicos abordados na entrevista foi o projeto de lei que recebeu seu nome, a chamada Lei Anti-Oruam. A proposta visa proibir que artistas que façam apologia ao crime ou ao uso de drogas sejam contratados pelo poder público.
Oruam refutou as acusações de que suas músicas promovem a criminalidade. “Não existe apologia ao crime. Eu canto a minha realidade, falo do que vivi”, explicou. Ele também afirmou que não pretende debater com a deputada que propôs a medida. “Nem quero. Ela nunca passou pelo que passei, não tem como entender minha realidade”, disparou.
O futuro de Oruam
Ao encerrar a entrevista, o rapper revelou que está em uma nova fase da vida, buscando amadurecimento e responsabilidade. “Minha meta hoje é ser mais homem, parar de levar a vida na brincadeira. Antes, eu fazia besteira e não estava nem aí. Mas sou novo, estou aprendendo”, concluiu.